22 out
Durante a 4ª edição do evento “Resistir com Arte: Mulheres e Dança”, do qual fui palestrante e curadora, colocaram-me em xeque com uma pergunta bastante complexa: O QUE É DANÇA?
De cara não consegui responder, pois muitas vezes só consigo explicar o que é dança… dançando. Assim como Beethoven (longe de me comparar a esse gênio), que após tocar uma de suas peças foi abordado por uma admiradora que disse: “Que maravilhosa composição, o que o senhor quis dizer com ela?”, então Beethoven voltou ao piano e tocou a peça novamente.
Apesar dessa dificuldade, após um período de reflexão acho que consegui sintetizar o que acredito ser dança em algumas palavras:
DANÇA É MOVIMENTO CONSCIENTE.
Tal consciência se refere à realização do movimento, ou seja, à minha vontade e ação de dar um giro com certa postura e certo recrutamento muscular, em uma velocidade e com uma determinada estética. Nessa situação estou plenamente consciente do meu movimento e ele é controlado por minha razão, isso é o que chamamos de consciência corporal e é fundamental seu desenvolvimento para que um bailarino melhore seu desempenho.
Mas MOVIMENTO CONSCIENTE pode também ser entendido como uma ação que carrega uma ideia política. Ressalto que nesse contexto a palavra política tem significado que vai além do domínio das práticas de Estado, se refere à reflexão sobre as relações entre os sujeitos com suas estruturas de poder organizadas a partir de regras e normas. Por mais que pensemos que estamos fazendo apenas movimentos, tal composição é resultado de uma conjunção política, social e cultural. Por isso é fundamental refletirmos sobre nossas danças, afinal elas não são simples movimentos, elas são uma escolha política que terá ação direta em nossas relações sociais.
Equivale a pensar em que mundo você gostaria de viver e delinear sua dança como se ela construísse esse novo mundo, ou seja, antes de tudo devemos ser pensadores. É nesse momento que me lembro da bailarina e coreógrafa Pina Bausch quando diz: “O que me interessa não é como as pessoas se movem, mas sim o que as move”.
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Hesiodo admite que, ocasionalmente, um homem encontra uma mulher boa, mas ainda assim o “mal rivaliza com o bem. Num profundo estudo sobre a transformacao do mito, Dora e Erwin Panofsky levantam todas as referencias literarias e iconograficas sobre ele.