Mulheres nos quadrinhos

Atualmente, muitos artistas independentes têm recorrido ao financiamento coletivo (crowdfunding) para divulgar suas obras. No Brasil, talvez a plataforma mais utilizada seja o Catarse. Funciona assim: você contribui com uma quantia e, caso a obra seja financiada, dependendo da quantia doada, você tem direito a brindes e seu nome nos agradecimentos.

A vantagem do crowdfunding é dar visibilidade a novos artistas que não possuem meios nem fundos de divulgação. Geralmente são artistas de expressão virtual, que não atingem um público muito grande, salvo nas redes sociais, como blogs e Facebook.

Foi assim que a quadrinista Bianca, popular no Facebook com a página Anna Bolenna – a perturbada da corte, conseguiu, em outubro deste ano, publicar seu livro impresso, reunindo seus quadrinhos mais famosos.

ResReaderFoi através de um crowdfunding, também, mas de amigos e de parentes, que a quadrinista paraibana Thaïs Gualberto lançou recentemente, no FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos) em Belo Horizonte, e em João Pessoa, seu livro de quadrinhos Olga, a Sexóloga. Quadrinista desde 2009, Thaïs atualmente atua como Coordenadora de Quadrinhos do Espaço Cultural José Lins do Rego e mantém sua página Kisuki, onde publica tirinhas que tratam de temas do cotidiano à política.  

Desenhada no Photoshop, de tendência feminista, com conselhos extremamente honestos e ácidos e frases de efeito, Olga, a sexóloga taradóloga trata de temas do cotidiano feminino, como prevenção de DSTs e gravidez, sexo e masturbação.  

ResReader (1)

É importante ressaltar que, numa época em que o humor geralmente é feito oprimindo minorias, à la Danilo Gentili com suas piadinhas machistas e homofóbicas, ainda podemos garantir boas risadas com um humor inteligente e não opressor no qual nós, mulheres, podemos nos identificar, sem sermos ofendidas.

jane

Importante ainda a visibilidade que as mulheres têm ganhado no universo nerd, visto geralmente como exclusivamente masculino, sobretudo nos quadrinhos. Temos visto mudanças significativas nesse espaço, como a série Jessica Jones, que tem como protagonista uma super-heroína da Marvel, ou até mesmo a evolução da série Big Bang Theory, que nas primeiras temporadas apresentava quatro rapazes nerds caricatos e a típica “loira burra”, tendo expandido mais recentemente o seu elenco, que inclui duas garotas cientistas.

Outras artistas têm se destacado em suas páginas no Facebook, como Carol Rosetti, que publicou a série de ilustrações Mulheres, expondo a diversidade feminina em suas diversas formas e expressões, desde mulheres homossexuais e acima do peso a cadeirantes, muçulmanas, transexuais, idosas e halterofilistas. Ou a ilustradora Raquel Vitorelo, com seu projeto “Coisa de Mulher”, retratando mulheres históricas e suas conquistas.

ResReader (2)

Atualmente, há também o projeto Inverna que, conforme a descrição de sua página, é uma Publicação de caráter artístico e cultural. Sua linha editorial geral inclui todos os gêneros entendidos como gráfico-visuais – quadrinhos, ilustrações, charges ou tiras gráficas – produzidos de forma autoral ou cooperativa exclusivamente por mulheres brasileiras. O Inverna está arrecadando fundos no Catarse para publicar sua primeira revista impressa com histórias em quadrinhos de quase duas dezenas de quadrinistas brasileiras. Para ver mais sobre o projeto e apoiar, clique aqui

ResReader (3)

Para acompanhar nossas publicações, curta a página do Pandora Livre no Facebook.

luisa-gadelha

Luísa é servidora da Universidade Federal da Paraíba. Graduada e mestra em Letras, é apaixonada por literatura desde sempre, dos clássicos aos contemporâneos. Também adora quadrinhos e atualmente é graduanda em Filosofia.

Artecétera

, ,

Deixe um Comentário

Todos os comentários são de responsabilidade exclusiva dos/as leitores/as. Serão deletadas ofensas pessoais, preconceituosas ou que incitem o ódio e a violência.

Comente usando o Facebook

2 comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *