24 ago
Eu não consigo entender
Essa tal filosofia
Que me impede de fazer
Aquilo que eu pretendia
Que me chama de bandida,
Que me deixa oprimida,
Que me nega autonomia.
–
Sou uma mulher muito forte
Vivo a vida dirigindo
E assuntos de toda sorte,
Estou sempre decidindo.
Só que quando é sobre mim,
Sobre meu corpo e meu fim
Há o mundo me impedindo.
–
Eu custei a entender
Que a liberdade é negada
A toda e qualquer mulher
Que não quer ser sujeitada
Que abre a boca e grita
Que ‘nunca será bandida’
Por uma decisão tomada.
–
Já fui criminalizada
Tive a face apedrejada
Só por tentar exercer
O direito que penso ter
De cessar minha gravidez
De modo seguro e cortês
Sem ser presa nem morrer.
–
Mas não há cidadania
Há apenas sujeição
Pra aquela que contraria
Moral e religião
É como se a biologia
Fosse a ideologia
Que embasa a Criação.
–
Minhas companheiras morreram
Em abortos clandestinos
E se não tivessem partido
Quais seriam seus destinos?
A morte de coração
Dentro de qualquer prisão
Por julgamentos divinos.
–
Nós, mulheres, precisamos
Pensar coletivamente
Que a guerra que enfrentamos
No passado e no presente
É o quadro cultural
Machista e patriarcal
Que ainda é evidente
–
Quero poder decidir
Sobre minha vida e meu corpo
Ter liberdade de agir
De optar pelo aborto
De modo decente e seguro
Sem estar em cima do muro
E sem ver o meu corpo morto.
–
Exijo dignidade
Poder ter cidadania
Tendo a possibilidade
De uma existência sadia
Mas me pergunto, num canto,
Por que incomoda tanto
A nossa autonomia?
–
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Maravilhoso