O boy-magia de esquerda

“Não se fazem mais homens como antigamente”, ainda bem! Se tem quem não sinta falta do passado, somos nós, mulheres. Com todas as mudanças ocorridas nos últimos 30 anos, ainda progredimos a duras penas conquistando nosso espaço perdido na sociedade. A duras penas, porque ainda encaramos diariamente comportamentos machistas, inclusive daqueles que se dizem do nosso lado, camuflados por uma falsa carcaça libertária e igualitária.

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Che-muso.

Porém, existem os homens que nutrem autênticos valores de liberdade e igualdade, que nos conquistam e nos enchem de esperança neste mundo cada dia mais atazanado por grupos conservadores. Como bem disse um dos grã-filósofos da direita, Luis Pondé, são esses homens que conquistam um espaço privilegiado entre as mulheres e possuem uma invejável vida sexual. Não é para menos.

Esses são, para nós, os boys-magia de esquerda. Poderia ser também boys-magia liberais, mas infelizmente não se encontra mais gente dessa natureza política no país. A esquerda hoje carrega a revolução burguesa e a revolução proletária nas costas.

Explicando esse fenômeno do sex appeal da esquerda, o que está mais ou menos no nosso imaginário, não exatamente nessa ordem, não exatamente assim, é o que segue.

Primeiro, o boy-magia da esquerda não é homofóbico. Isso diz muito sobre a sua sexualidade. Demonstra que ele não tem uma moral esquisita e conservadora em relação ao sexo e que provavelmente não vai rolar aquele climão culpa-cristã pós-coito.

Você não vai visualizar uma cruz em chamas, uma estátua sacrossanta derramando uma lágrima de sangue, nem ficar noiada achando que pode ser tachada de impura e moça sem valor, apenas por ter se relacionado intimamente com um rapaz. Fora que homofobia é uma coisa esquisita, né? Há pesquisas que dizem que tem a ver com homossexualidade reprimida; um verdadeiro ódio, que pode ser traduzido como: inveja da sexualidade alheia. A gente não quer se relacionar com gente amargurada e que, ainda, pode não estar muito a fim.

Nosso muso também não é adepto de toda uma cartilha de como uma mulher deve se comportar, o que nos deixa mais confortáveis para efetuar qualquer movimento, falar o que vier na cabeça, sem que o primeiro desagrado signifique que você pode ser tachada de vagabunda, puta, quenga, piranha, vaca, rapariga, mulher da vida. Aliás, que implicância é essa com as prostitutas?

O boy-magia Haddad, nas ciclovias da capital paulista.
O boy-magia Haddad, nas ciclovias da capital paulista.

Enquanto o moço de direita está na academia, com sua regata e short de grife, seu tênis de 1000,00 reais, gemendo a cada levantamento de peso; nosso boy-magia está andando de bicicleta nas ciclovias – pintadas de vermelho – com suas madeixas ao vento, resvalando liberdade e curtindo a paisagem urbana e as folhas de árvore que caem.

Num bate-papo sobre “mulheres e depilação”, numa rodinha, o moço de direita vai levantar a bandeira “odeio pelos, tenho nojo de pelos”, constrangendo você que não depilou sua matinha naquela quinzena – “não depilei, mas não estava a fim mesmo, e daí?”, você pensa. O boy-magia, por sua vez, fala que gosta de “mulheres de verdade” e que não se importa com isso, que é um padrão bobo, uma moda passageira, que acha uma frescura essa perseguição com Claudia Ohana. Borboletas batem asas na sua barriga.

Após isso, ele arranha um violão e toca um pouco de Chico, um pouco de Caetano, um pouco de Gonzaguinha. Você admira seus pés seminus roçando no chão, seu semblante feliz e tranquilo. Depois de uns papos sobre política, música e direitos humanos, ele chama você pra dar uma alongada no apê dele, e você responde: “por que não?”.

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mariana-nobrega

Mariana é doutoranda em ciências criminais e mestra em ciências jurídicas. Pesquisa sobre direitos humanos, teorias feministas e criminologia. Também é servidora pública e mais uma advogada de araque neste país de direitoloides.

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1 comentários

  1. Bom, este rapaz disse uma vez que “quando come uma carne, está pouco se lixando para o prazer da mesma”, então, deve ser este o motivo das “mulheres de esquerda”, como ele se referiu, não quererem “dar” para ele. Refiro-me a Luiz Felipe Poisé( não foi erro de digitação o sobrenome que coloquei nele)

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