07 ago
VCP-JPA
oito e quarto
– avisam os ponteiros.
já me parto
– respondo às pontadas.
***
PAINEL DE AEROPORTO
Arrivals and departures
díade que,
traduzida,
revela a mim
o seu senti(n)do:
chega de tanta partida.
***
CAMPINA(S)
àquele que se diz plural
esse “s” não é igual
dele não se faz são
dele só me fiz só
e o silvo da solidão
cisma soar ao redor.
***
TORÁCICO-LÍRICO
O peito do homem amado
é refúgio pleno de plumas
suavemente pousadas
sobre a caixa de pulsante afeto.
O peito do homem amado
é um céu imantado e cálido
salpicado por sinais-estrelas
que desfio com mãos de mulher.
O peito do homem amado
é o silêncio contemplativo do amor
transbordante sobre a palavra que sai em fuga
a encontrar torácicos versos ao longe.
***
ELEGIA AO AMIGO QUE VAI
Os interlúdios engendravam o tear
trançando palavras funcionárias e suave seda
improvável manto a desvelar afeto
e a reconhecer um velho amigo
(à míngua de aniversários)
Mas qual Penélope
– fiandeira de sol –
quisera mãos sem nãos aos desenleios
quisera menos lâminas esses rituais
É que os aedos, embora as liras,
sabem do frio que guardam dentro,
mas cantam, troçam e desdenham bureaus
Comigo, o tecido em finos laços
acena ao adeus que se avizinha
E não se desmancha,
senão envolve, num bordado,
A nova amizade, turmalinas e áureas linhas.
***
EU QUE FICO
Ser estância
onde se é passagem
Onde relutância:
paragem.
(a que moucos ouvidos tocarão
os emudecidos ais
desse grito cais?)
***
CPV-VCP (no carnaval)
Visto-me de monocromia
da cor ora dita quente
ora o soar da melancolia
E então entro na rota anagrama
tachada, pois sim, de inusual
O que não sabem incautos
é que a ave de lata
me leva aonde sempre, para mim,
explode em festa o carnaval
–
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